Um dia, sabemos bem,
deixa-nos o sussurro misterioso das aves,
deixa-nos o sussurro misterioso das aves,
o odor das searas,
o sol escondido nas uvas maduras.
Um dia, abandona-nos a dança feliz da luz
antes de se enroscar aos nossos pés.
Um dia, as tuas mãos abertas ficam vazias,
como duas taças viradas para o céu,
depois de bebermos o mais suave dos vinhos.
Um dia, perdemos de vista o chão da tribo,
onde nos consumíamos no cimo do fogo,
a poeira dos caminhos, o balanço das árvores,
o sopro ligeiro da aurora.
Um dia, sabemos bem,
só temos o desfiar dourado do leite materno.
E de repente, a paisagem fica deserta,
as sombras fustigam as áleas e as fontes.
Como que chamando para um duelo numa floresta,
onde se chega por um caminho de pedras brancas,
que atravessamos com uma carta na mão.
as sombras fustigam as áleas e as fontes.
Como que chamando para um duelo numa floresta,
onde se chega por um caminho de pedras brancas,
que atravessamos com uma carta na mão.
Acreditamos que, então,
o brilho do céu leva as aves a suspender o voo,
ou os relógios se envergonham
por não conseguirem enganar o tempo,
ou os relógios se envergonham
por não conseguirem enganar o tempo,
ou que a velha mentira talvez nunca regresse.
E que algum viajante nos diga,
sim, podemos brilhar,
sim, podemos brilhar,
no meio das palavras que abraçamos
e estão fora do nosso alcance.
e estão fora do nosso alcance.
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