segunda-feira, 26 de setembro de 2016

VI

As minhas mãos são ocas,
quando pendem esquecidas
depois de acenarem para ti.

As minhas mãos são frágeis
quando mergulham
no rio que as impele,
como recados para deuses obscuros.

As minhas mãos são tardias,
quando penteiam
as cordas doces do alaúde
como tranças do tempo.

As minhas mãos são inocentes,
quando inventam
a geometria delicada
do teu sorriso.

As minhas mãos são firmes,
quando retesam o arco
e o mundo fica suspenso,
à espera de um sopro.

As minhas mãos ficam cegas,
quando partem
na hora do crepúsculo
e na noite partilham
os mais infames segredos.

Sem comentários: