domingo, 29 de setembro de 2024

Não há nada como realmente

Pode ser num dia qualquer. Acordamos. Dizemos as orações. Ou não. Coçamos uma cena qualquer. Ou não. Olhamos para o lado e alguém ressona em paz. Ou não. Pensamos em como vamos pagar as contas que chegaram ontem. Ou não. Ensaiamos mentalmente o que vamos dizer aquele sacana do vizinho/colega/familiar que nos anda a tramar. Ou não. Fazemos uma breve sessão de meditação. Ou não. Abrimos a janela. Ou não. Qualquer coisa. Mas seja o que for, imaginamo-nos sempre ao abrigo da doença, da pobreza, da solidão, ou de algo ainda pior. Temos como certo que podemos dizer sempre "Mãe, olha, já consigo andar sem mãos! " e alguém irá fica embevecido com o nosso feito. É mentira. Damos como garantido que, se estivermos aflitos, à última hora aparece sempre a cavalaria, para nos salvar. Mas não há cavalaria nenhuma. Um dia, um dia qualquer, acordamos. E percebemos que ninguém nos irá bater palmas, nem tirar de apertos. Talvez seja esse o dia mais importante das nossas vidas.

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