quarta-feira, 2 de outubro de 2024

O espelho

Parece uma das histórias fantásticas saídas de um livro de Borges. Mas não é. Passa-se no Japão feudal da segunda metade do séc XVI. Pouco depois da chegada de Francisco Zeimoto e, provavelmente, Fernão Mendes Pinto, terem chegado ao arquipélago. Na verdade, os primeiros europeus a conseguir esse feito. Zeimoto e seus companheiros, com a ajuda de um pirata chinês, deram a conhecer ao senhores da guerra as primeiras armas de fogo. Que os locais logo replicar em grande número e alterou para sempre o modo de combater no Japão. Oda Nobunaga, um brutal daimyo (senhor feudal, chefe militar) conquistou Quioto e conseguiu unificar metade do território sob o seu domínio. E logo mandou erguer um imponente palácio na capital. Cada piso era dedicado a uma divindade, pela sua ordem de importância. O piso superior estava reservado para os aposentos do senhor da guerra. O único objecto decorativo era um enorme espelho, onde Nobunaga se contemplava demoradamente. Certamente para se assegurar que a sua condição humana o colocava acima dos deuses. Ou o contrário. À cautela, relegados aqueles para os pisos inferiores.

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